Massacre de Columbine
O massacre da escola Columbine, ocorrido na manhã do dia 20 de abril de
1999, é certamente um dos temas mais controversos da atualidade.
Desde que os adolescentes Eric Harris e Dylan Klebold abriram fogo contra
seus colegas naquela manhã, muito foi dito e escrito sobre os fatos e as
motivações que levaram a este que foi um dos maiores massacres escolares da
história dos EUA.
Apenas para mencionar alguns exemplos: durante o tiroteio testemunhas
afirmaram que havia pelo menos oito atiradores, quando na realidade eram apenas
dois. Ao término da matança os policiais confirmaram a morte de 25 pessoas,
quando na verdade eram 15 (incluindo os assassinos).
Equívocos como estes foram corrigidos dias após o tiroteio, no entanto,
outros mitos daquela manhã levaram meses e até anos para serem desmentidos.
A história de que Eric e Dylan eram membros da “Máfia da Capa Preta”,
por exemplo foi amplamente divulgada até pouco tempo atrás, no entanto,
investigações posteriores negaram esta informação. Os jovens realmente usavam
os longos casacos negros da “Máfia”, mas não por pertencerem aquele grupo. O
que os motivou a usar aquelas roupas, certamente foi uma cena do filme Diários
de um Adolescente, onde um jovem sonha que esta atirando contra seus colegas de
sala de aula vestindo um longo casaco negro.
Outro mito que demorou a ser desmentido foi a história de que Eric havia
perguntado a uma menina( Cassie Bernall) se ela acreditava em Deus, e diante da
afirmativa da garota ele teria atirado nela. Investigações posteriores confirmaram
que Eric havia feito a pergunta a várias de suas vítimas, mas não para Cassie
que foi assassinada sem trocar palavras com os atiradores no dia do massacre.
Outro mito sustentado por muito tempo foi de que o ataque dos atiradores
visasse atletas e minorias étnicas. Dois fatos provam o contrário, primeiro o
perfil das vítimas que na sua maioria não se encaixam no perfil de minorias
étnicas ou atletas, o segundo fato que pesa contra este argumento são os planos
dos atiradores, eles não planejavam um mero tiroteio em sua escola, eles
planejavam promover o maior ataque terrorista da história dos EUA, infligindo o
maior número de mortes possível. Seu plano original era explodir bombas dentro
da cafeteria da escola e aguardar os sobreviventes no estacionamento com o
objetivo de matar aqueles que escapassem com vida.
Como se vê, Columbine é um tema extremamente controverso, informações desencontradas,
fontes pouco confiáveis e todo tipo de especulação fizeram com que os
acontecimentos daquela manhã de 20 de abril nunca fossem totalmente
esclarecidos.
Após quatorze anos da tragédia, investigações e pesquisas relacionadas
ao tema fizeram com que mitos fossem desfeitos e a verdade sobre Columbine
começasse a aparecer.
Este artigo trata sobre o massacre, os assassinos, suas vítimas e a
influência da tragédia no cinema e na mente de jovens problemáticos que vem em
Eric Harris e Dylan Klebold heróis a serem seguidos.
O
Massacre
Como disse o cineasta Michael Moore aquele 20 de
abril de 1999 deveria ser um dia como qualquer outro na América, e foi, até o
momento que ouviram-se tiros na escola Columbine e a normalidade do dia foi
quebrada.
Na manhã daquela terça feira, dois jovens
americanos, Eric Harris, 18 anos e Dylan klebold de 17 entraram na Escola
Columbine em Litleton no Colorado com o objetivo de promover o maior ataque
terrorista da história dos EUA. No entanto seu objetivo não foi alcançado, as
bombas que carregavam para destruir a escola não explodiram e a ação
“terrorista” acabou se reduzindo a um tiroteio de 46 minutos.
Naquela manhã Eric e Dylan se dirigiram com seus
longos casacos negros para a escola, mas não chegaram no horário correto,
apareceram na escola um pouco depois das 11 horas da manhã, trazendo em suas
mochilas armas facas e bombas no lugar de livros e cadernos. Dirigiram-se ao
refeitório da escola e lá depositaram duas bombas de 9kg de gás propano, bombas
que deveriam explodir as 11:17 daquela manhã.
Depositados os explosivos na cafeteria, os jovens
voltaram para o estacionamento e lá esperariam a explosão das bombas,
aguardando os sobreviventes para executá-los. No entanto, a esperada explosão
acabou por não ocorrer, a fiação da
bombas era de péssima qualidade e os dispositivos mal construidos então,
cansados de esperar os assassinos dirigiram-se a um gramado próximo da
cafeteria e lá fizeram seus primeiros disparos.
Richard Castaldo, um rapaz que estava fazendo um
lanche naquele gramado foi baleado cinco vezes mas sobreviveu embora tenha
ficado paralitico para o resto da vida, Rachel Scott, a menina que acompanhava
Castaldo foi atingida por quatro disparos, sendo que um deles a atingiu na
cabeça fazendo dela a primeira vitima fatal do massacre.
Logo após estes tiros três meninos que saiam da escola
em direção ao gramado também foram alvejados, um deles, Daniel Rohrbough, foi baleado no peito e tornou- se a segunda
vitima fatal do massacre.
Nos minutos que se seguiram os atiradores dispararam a esmo contra todos
os alunos que encontravam a seu redor, deixando naquele local um saldo de 2
mortos e vários feridos. Abandonando o
gramado, os atiradores entraram na escola, onde atiraram aleatoriamente contra
colegas e professores, nesse momento um policial que fazia ronda na escola se
dirigiu até o local e trocou tiros com Eric, mas os tiros entre atirador e
policial acabaram sem causar danos a nenhum dos dois. Após a troca de tiros com
a policia os atiradores disparam contra armários e colegas nos corredores.
Neste momento, o professor Dave Sanders, (que já havia evacuado a cafeteria)
estava tentando salvar mais vidas quando foi baleado pelas costas, seus
ferimentos não eram graves, mas com a demora do socorro ele acabou morrendo de
hemorragia. Eric e Dylan continuaram sua caminhada de destruição até entrarem
na biblioteca, lá ocorreria a fase mais sangrenta do massacre. Quando chegaram
a biblioteca eles ordenaram que os alunos com boné
branco ou de baisebol saíssem de baixo das mesas (os alunos com estes bonés
eram identificados por serem atletas, que eram pessoas que os atiradores
odiavam), como ninguém se arriscou a levantar começaram os disparos, a maioria
estava escondida embaixo das mesas da biblioteca, mas havia um garoto
que estava sentado numa mesa em frente ao computador, este jovem
era Kiley Velasquez , um rapaz com leve
deficiência mental que foi atingido na cabeça por Dylan, sendo o primeiro dos
dez mortos na biblioteca.
A biblioteca de Columbine após o tiroteio. |
Após a morte de Velasques mais nove alunos foram
mortos e outros tantos feridos. Eric matou Steve Curnow, que estava escondido
debaixo de uma mesa e em seguida dirigiu- se para a mesa onde se escondia
Cassie Bernall, o encontro de Cassie e Eric gerou o mito de que ele teria
perguntado a ela se ela acreditava em Deus e diante da afirmativa dela teria
atirado contra sua cabeça, no entanto esse diálogo entre os dois jamais
ocorreu. Ao ver Cassie, Eric teria dito "Peek-a-boo!" e então
atirado contra a sua cabeça, a violência do tiro foi tanta que a arma recuou
para trás e quebrou o nariz de Eric. Testemunhas afirmaram que após este
incidente havia tanto sangue no rosto de
Eric que ele “parecia ter bebido sangue”.
Após Cassie a próxima vitima foi Isais Shoels, um
atleta negro que escondia-se debaixo de uma mesa. Ao vê-lo, Dylan chamou Eric (que
ainda estava tonto com a pancada que quebrou seu nariz) e os dois cercaram a
mesa de Isais, Dylan tentou puxa- lo, Isais resistiu e diante de insultos
raciais foi executado com um tiro no peito. Na sequência das mortes
descontroladas morreram Matt Kechter ( que estava na mesma mesa de Isais),Lauren Townsend, John Tomlin, Kelly Fleming, Daniel Mauser,e Corey DePooter
a última vitima fatal do massacre, nesse
período além de atirar contra os colegas Eric e Dylan demostraram uma raiva
irreprimível destruino tudo o que encontravam na biblioteca.
Em pouco mais de sete minutos, 10 pessoas foram mortas e 12 ficaram
feridas. Havia um total de 56 pessoas na biblioteca, 34 escaparam sem
ferimentos. Os atiradores tinham munição suficiente para matar todos, mas
por alguma razão eles não mataram. Encerrados
os 7 minutos e meio de matança na biblioteca, Eric e Dylan passaram a caminhar sem
rumo espalhando suas últimas bombas,dirigiram-se a cafeteria e lá Eric disparou contra os sacos que continham os explosivos com o objetivo de
detoná-los mas não conseguiu, Dylan por sua vez, explodiu uma bomba que não
causou grandes danos. Frustrados, os atiradores voltaram para a biblioteca de onde atirariam contra
policiais e paramédicos. Minutos após este ataque, um professor ouviu os jovens
gritarem em conjunto “um, dois, três”, seguido do som de disparos... Era o fim
da vida dos atiradores (Eric morreu com um tiro no céu da boca e Dylan com um
disparo na têmpora esquerda).
Ao se matarem, Eric e Dylan deixaram para trás
muito mais que 12 mortos e 23 feridos. Deixaram famílias desesperadas, uma
nação em choque, perguntas sem respostas e uma lista considerável de jovens
solitários e desequilibrados que os vem como mártires... líderes a serem
seguidos.
A Cronologia do
Ataque:
A cronologia do ataque à Columbine High School foi montada a partir de
informações captadas pelas câmeras internas da escola, chamadas de emergência e
as reportagens locais:
11:10- Harris e Klebold chegam à
escola, e deixam seus carros no estacionamento do refeitório.
11:14- Deixam mochilas com cerca de nove quilos de explosivos no
refeitório.
11:23- Eles esperam do lado de fora da saída oeste. Então sacam espingardas
de caça e armas semi-automáticas e começam a atirar nos alunos. Nessa primeira
parte do ataque dois estudantes são
mortos. As pessoas começam a correr e um estudante faz a primeira ligação para
os serviços de emergência.
11:24- Os alunos do refeitório
percebem o que está acontecendo. Os funcionários tentam removê-los para locais
mais seguros. Um carro de polícia chega e atira nos suspeitos.
11:27- A dupla entra na escola,
atirando aleatoriamente.
11:28- Eric e Dylan entram na biblioteca, matam 10 e ferem 12 pessoas em 7,5 minutos. Eles atiram na
polícia pela janela em direção ao estacionamento, onde as viaturas se reúnem.
11:36- A dupla sai da
biblioteca, nos 26 minutos seguintes,
Harris e Klebold percorreram a escola, atirando e deixando explosivos pelo
caminho. Nesse período Eric dispara contra as bombas da cafeteria que não
haviam explodido, no entanto, mesmo assim elas não explodem.
12:02- Entram na
biblioteca pela última vez. De lá disparam das
janelas quebradas contra policiais e
médicos que estavam socorrendo os feridos.
12:06- Minutos
antes da equipe da SWAT entrar no prédio, os suspeitos se mataram dentro da
biblioteca.
Como as autoridades não sabiam que os suspeitos estava mortos e como ainda
havia explosivos instalados ao redor do prédio, levou-se mais de três horas
para que os serviços de emergência chegassem a todos os sobreviventes e
encontrassem Harris e Klebold.
As vítimas fatais
Naquela manhã de 20 de abril
de 1999, 13 pessoas perderam a vida. Entre eles havia um adulto, quatro meninas
e oito meninos com idades que variam entre 14 e 18 anos. A seguir uma pequena
biografia das treze vitimas mortais do massacre, seguindo a ordem em que foram
assassinados.
Rachel Joy Scott
(1981-1999)
Rachel Scott de 17 anos
era uma pessoa vibrante e direta, que amava fotografias e sonhava em ser atriz
e escritora. Dias antes de morrer ela começou a escrever uma peça teatral para
ser apresentada no seu último ano na escola.
Rachel também era uma
pessoa fortemente religiosa que frequentemente escrevia a Deus em seus diários
sobre o desejo de “alcançar os não alcançados”. Sua fé inclusive foi motivo de
piada em um vídeo deixado por Eric e Dylan antes do tiroteio. No vídeo os
assassinos debocham de meninas que falam repetidamente em Jesus, na gravação
Dylan (que conhecia Rachel desde o jardim de infância) diz não gostar dela e se
refere a ela e uma amiga como “prostitutas cristãs”.
Rachel foi a primeira
vítima do massacre, ela estava sentada no gramado almoçando com um amigo quando
foi atingida, a garota caiu no chão mas não estava morta, instantes depois um dos atiradores se
dirigiu a ela e disparou diversas vezes
antes que ela pudesse se levantar.
Rachel morreu em
decorrência de ferimentos de bala na cabeça, tórax, braço e perna.
Seu irmão Craig Scott,
que estava na mesma mesa onde foram assassinados Isaias Shoels e Mark Kerchter,
sobreviveu ao massacre sem nenhum ferimento.
Uma das amigas de
Rachel, Lauren Beachem, a descreveu da seguinte forma: “Nos meus olhos, ela era
apenas um daqueles tipos de pessoas que você sabe que nunca vai encontrar de
novo”, “Ela era o tipo de pessoa que só nasce uma vez”, completa.
Daniel Lee Rohrbough
(1984- 1999)
Daniel Lee Rohrbough de
15 anos, foi a segunda vítima do massacre e um dos poucos que não morreram na
biblioteca.
Daniel gostava de
eletrônica e jogos de computador e era descrito por colegas como um jovem
divertido.
Ele ajudava no negócio
de som de seu pai todos os dias depois da aula e no verão trabalhava colhendo
trigo na fazenda de seu avô. Familiares afirmaram que com o dinheiro arrecadado
com seu trabalho Daniel costumava comprar presentes para a família.
No momento do massacre
Daniel estava saindo da lanchonete da escola com dois amigos quando os
atiradores abriram fogo. Não houve aviso nem nenhuma chance de defesa para o
jovem, ele foi derrubado por tiros no abdômen e na perna esquerda. Um dos seus
amigos tentou socorrê-lo, mas foi baleado também. Momentos depois Eric Harris
atirou novamente a queima roupa no peito de Daniel, que sangrou até a morte na
calçada em frente a escola.
Houve controvérsia sobre
a morte deste jovem quando foi afirmado que o tiro que o matou foi disparado
por um membro da SWAT e não pelos atiradores. Ações judiciais e de investigação
independente confirmaram que Daniel morreu do tiro disparado por Eric Harris e
o autor da denúncia de que ele teria sido morto pela policia foi processado
pela família da vítima. Além disso, ouve uma confusão inicial sobre qual
atirador foi o único responsável por ter matado Daniel. Os relatórios oficiais
afirmaram que foi Dylan Klebold quem disparou o tiro fatal, mas uma
investigação independente feita pelo Departamento da El Paso Country Sheriff
determinou que foi a arma de Eric Harris quem tirou a vida do rapaz.
O nome de Daniel também
esta envolvido entorno de um mito sobre a tragédia. Ele era mencionado pelos
relatos da mídia como “o menino que segurou a porta aberta” para os amigos, o
que lhes permitiu escapar da escola durante o tiroteio. É uma noção muito
heroica, mas como muitas das histórias de martírio durante a tragédia, não é
apoiada por depoimentos de testemunhas nos relatórios oficiais que se seguiram
a investigação da tragédia.
Kyle Albert Velasquez
(1982-1999)
O jovem Kyle Velasquez
de 16 anos de idade foi a primeira vítima morta na biblioteca. Quando bebê,
Velasquez sofreu um derrame cerebral que o deixou com deficiência mental.
Apesar do problema Velasquez sempre foi um menino afetuoso e prestativo , que
gostava de ajudar seu pai nas tarefas
domésticas ( cortando grama e lavando o carro da família) e tratava sua mãe com
muito carinho (ela declarou que todo dia ele a beijava na bochecha e dizia o
quanto a amava).
Velasquez sonhava em
ingressar na marinha como seu pai ou se tornar bombeiro, no entanto naquela
manhã de 20 de abril, seus sonhos foram interrompidos para sempre.
Velasquez amava
computadores e no momento em que os atiradores entraram na biblioteca ele
estava sentado em uma mesa em frente a um computador, provavelmente os tiros e
gritos o deixaram tão confuso que ele não sabia nem o que fazer. Ao entrar na
biblioteca Dylan atirou contra a cabeça do rapaz que morreu na hora.
Como seu pai era
veterano da marinha, Velasquez foi enterrado com honras militares.
Steven Robert Curnow
(1984-1999)
A vítima mais jovem do
massacre, Steven Robert Curnow de 14 anos era descrito como um menino amável e
gentil, um jovem com um sorriso radiante e um coração bondoso.
Amante do futebol e fã
do filme Stars Wars (ele assistiu aos filmes de Stars Wars tantas vezes que
recitava o dialogo junto com os atores), Curnow sonhava em ser piloto da
marinha americana. No momento do massacre o jovem estava na biblioteca e
escondeu-se debaixo de uma mesa de computador quando foi surpreendido por Eric
Harris que lhe tirou a vida com um tiro no pescoço.
Cassie Rene Bernall
(1981-1999)
Ativa em programas de
jovens da igreja e grupos de estudo da bíblia, Cassie Rene Bernall de 17 anos
talvez seja a vítima mais famosa de Columbine. Após sua morte ela foi tema de
músicas*, livros, e um filme.
A morte de Cassie também
está envolvida em dos mitos criados entorno da tragédia. Por um longo período
ela foi conhecida como a garota que foi questionada por um dos atiradores:
“Você acredita em Deus?” e posteriormente foi baleada por que disse “sim”.
De acordo com o
Relatório de Columbine, testemunhas afirmaram que os atiradores perguntaram a
varias pessoas se elas acreditavam em Deus e as respostas dadas não pareciam
influenciar na decisão dos atiradores de atirarem ou não, testemunhas afirmaram
também que Cassie não trocou palavras com os atiradores.
Naquela manhã Cassie
estava escondida em uma mesa quando foi surpreendida por Eric Harris (sempre
ele), ela tinha as mãos sobre o rosto para não ver o que acontecia e orava em
voz alta: “Querido Deus. Querido Deus. Por que isto está acontecendo? Eu só
quero ir para casa”.
Eric aproximou-se e
bateu três vezes com a mão esquerda sobre a mesa em que ela se escondia e ao
abaixar-se teria dito “Peek-a- boo!” (esconde esconde) neste momento apontou
sua escopeta para a cabeça da jovem e disparou uma única vez matando-a na hora.
Em momento algum ela teria trocado palavras com o assassino.
Quando ainda se
acreditava que Cassie era “a garota que disse sim”, ela se tornou uma mártir da
causa do cristianismo e sua mãe disse que ela não conseguia pensar em uma
maneira mais honrosa de morrer do que a forma que Cassie foi morta.
Apesar do fato de que
provavelmente ela não tenha dito nada para qualquer um dos atiradores, a história
da menina que disse “sim” ainda inspira pessoas em todo mundo e sua família
prefere pensar nela como aquela garota.
*Sua morte serviu de inspiração para a música
“Cassie”, escrita por Lacey Mosley da banda Flyleaf, e “ This Is Your Time”, do
cantor e escritor Michael W. Smit.
Isaías Eamon Shoels
(1980-1999)
Único negro a morrer no
massacre Isaías Eamon Shoels de 18 anos era um garoto popular na escola.
Segundo o diretor de Columbine, Frank DeAngelis, seus colegas competiam para
trabalhar em projetos da escola com ele.
Brincalhão e carismático
Isaias planejava cursar faculdade de Artes após a formatura em Columbine, onde
seria um dos poucos negros a se formar.
Porém, naquela manhã,
Eric e Dylan acabariam com seus sonhos.
Isaias escondeu-se
embaixo de uma mesa com dois colegas quando os atiradores entraram na
biblioteca. Ao vê-lo Dylan proferiu um comentário racista e tentou puxá-lo
debaixo da mesa, como não conseguiu Eric lhe deu um tiro fatal no peito.
No funeral de Isaias
compareceram mais de 5.000 pessoas que lotaram a capela mortuária para lamentar
e comemorar a vida do jovem. No evento, que contou com a presença de
celebridades, músicos e líderes políticos nacionais o reverendo Martin Luther
King III, filho do ex-líder dos direitos civis Martin Luther King Jr., condenou
a violência e o fanatismo que tirou a vida de Isaias: “Ainda a algo seriamente
errado com a nossa nação, quando dois jovens que adoravam Adolf Hitler promovem
uma matança em seu aniversário”, disse King que veio de Atlanta para falar no
funeral.
Matthew Joseph Kechter
(1983-1999)
Matt Kerchter de 16 anos
pertencia a equipe de futebol de Columbine e era descrito pelos amigos como um
bom aluno, que colocava os estudos em primeiro lugar e cativava a todos com um
sorriso fácil.
Na manhã do massacre
Kechter estava estudando na biblioteca, e como fizeram a maioria dos alunos
escondeu-se embaixo de uma mesa após o ruído dos primeiros tiros.
Na mesa em que Kechter
se escondia estavam também Craig Scott (irmão de Rachel Scott, a primeira
vítima do massacre) e Isaias Shoels. O que chamou a atenção dos atiradores
naquela mesa foi a presença de Isaias que era negro, após a execução do jovem,
Dylan disparou contra o peito de Kechter que viria a morrer no local em
decorrência do tiro.
Após a morte de Kechter,
a Universidade do Colorado (onde ele iria estudar após concluir o ensino médio)
e o time de futebol de Columbine (do qual ele
fazia parte) realizaram homenagens em memória ao rapaz assassinado.
Lauren Amanhecer
Townsend (1981-1999)
Lauren Amanhecer
Townsend de 18 anos era capitã do time feminino de vôlei da escola e ótima
desenhista. Chamada carinhosamente de “Lulu”pelos colegas, ela amava os animais
e chegou a trabalhar em um abrigo de proteção a eles.
Como a maioria dos
alunos da biblioteca, Townsend escondeu-se embaixo de uma mesa com um grupo de
amigos. Alguns foram feridos, mas
sobreviveram, no entanto, ela não teve a mesma sorte e acabou falecendo
ao ser atingida por diversos tiros na cabeça, tórax e parte inferior do corpo
disparados por Dylan Klebold.
John Robert Tomlin
(1982-1999)
Nascido no estado do
Winsconsin, John Robert Tomlin de 16 anos era um jovem apaixonado pela Igreja e
por caminhões Chevrolet.
Profundamente religioso,
Tomlin tinha um forte sentimento de ajuda ao próximo, certa vez viajou até o
México para ajudar na construção da casa de uma família humilde. Segundo seu
pai, John Michael Tomlin , “Ele era um filho perfeito”.
Durante o massacre
Tomlin estava na biblioteca e como todos os outros escondeu-se embaixo de uma
mesa, lá recebeu a companhia de uma menina e segurou a mão dela para
confortá-la. Logo Eric Harris se aproximaria de sua mesa e atiraria sem se dar
ao luxo de abaixar-se para ver quem estava embaixo, em seguida Dylan deu uma
volta na mesma mesa e atirou contra a cabeça de Tomlin matando-o
instantaneamente.
Kelly Ann Fleming
(1983-1999)
Kelly Fleming de 16 anos
havia se mudado com sua família do Arizona para Littleton a apenas 18 meses
antes do tiroteio.
Kelly era uma menina
tímida e criativa que adorava Halloween e era uma aspirante a atriz e
compositora que escreveu muitos poemas e contos com base em suas experiências
de vida. Ela estava escrevendo uma autobiografia e ia muitas vezes a biblioteca
de Columbine escrever suas histórias.
Kelly também estava
aprendendo a dirigir e queria conseguir um emprego em uma creche, com isso
pretendia economizar dinheiro suficiente para comprar um carro.
Quando os atiradores
entraram na biblioteca, Kelly escondeu-se ao lado de uma mesa com outras
garotas quando foi morta com um tiro nas costas. Seu corpo foi encontrado no
chão perto do de Lauren Townsend.
Ela foi enterrada com
dois ursos de pelúcia nos braços. Seu túmulo está localizado no Monte das
Oliveiras, Cemitério em Wheat Ridge, Colorado.
Daniel Conner Mauser
(1983-1999)
Daniel Conner Mauser de
15 anos era um aluno muito bom em ciências e matemática. Seu pai o descreveu
como um rapaz inteligente que não teve medo de desafios e que não tinha receio
de abraçar seus pais em público. Mauser era um aluno tão aplicado que receberia
um prêmio por ter sido o melhor aluno de biologia dos segundos anos da escola
Columbine. Infelizmente ele morreu antes que pudesse saber que havia sido
escolhido para esta honra.
Mauser também gostava de
pizza, videogame, jogos de computador e programas como Os Simpons. Naquele ano
de 1999 ele aguardava ansiosamente para tirar sua carteira de motorista no ano
2000.
No momento da tragédia
ele estava escondido embaixo de uma mesa na biblioteca quando foi assassinado
por Eric Harris com um tiro no rosto.
Seu pai, Tom Mauser, deu
início a uma campanha para leis de armas mais rígidas na sequência da morte
trágica de seu filho.
Corey Tyler DePooter
(1984-1999)
Corey DePooter era um
ex-lutador que adorava fazer caminhadas, jogar golfe e pescar. Um amigo disse
sobre ele: “Quando você vai a pesca ou camping, eu sei que ele vai estar lá,
observando e certificando-se de que você estra fazendo tudo certo”.
Outro amigo disse mais
tarde sobre DePooter: “As pessoas diziam que ele era o tipo de cara que as
pessoas gostam de estar perto”.
DePooter estava
escondido embaixo de uma mesa na biblioteca quando Dylan disparou uma arma
semi- automática contra ele, que morreu por múltiplos ferimentos de bala no
pescoço, tórax e braço esquerdo.
Logo após sua morte sua
avó entrou em contato com o Corpo de Fuzileiros Navais sobre a realização de
algum tipo de cerimônia para DePooter já que ele sempre quis se tornar um
fuzileiro naval.
Atendendo ao pedido da
avó do rapaz, os fuzileiros navais realizaram uma cerimônia no tumulo do rapaz
onde ele recebeu o título de fuzileiro naval honorário.
Willian ‘Dave’ Sanders
(1951-1999)
Treinador de basquete
feminino e professor de informática e negócios em Columbine, o professor Dave
Sanders de 47 anos foi o único adulto a morrer no massacre.
Quando os atiradores
começaram a disparar foi o professor Sanders quem entrou no refeitório com dois
zeladores e alertou os alunos para que se escondessem, pois algo estava
acontecendo de errado na escola. Após evacuar o refeitório, Willian Sanders
percorreu a escola para tentar salvar mais alunos do tiroteio quando foi
surpreendido por Eric Harris, o treinador deu meia volta e saiu correndo, mas
foi atingido pelas costas com tiros no tórax, cabeça e pescoço.
Mesmo gravemente ferido,
o professor conseguiu se arrastar até o laboratório da escola onde foi
socorrido por alunos e professores, neste período os alunos escreveram na
janela a mensagem: “1 sangrando até a morte”, no entanto, como a polícia só
entraria na escola horas depois, a mensagem foi ignorada e o treinador sangrou
até a morte, a espera de um socorro que jamais viria.
Seus alunos disseram que
ele era mais que um professor, era um amigo, um mentor e uma inspiração.
Segundo relatos, suas
últimas palavras foram: “Diga a minha família que eu a amo”.
O treinador deixou para
trás sua esposa, quatro filhos e cinco netos.
Os Atiradores
Muito já foi dito sobre Eric e
Harris e Dylan Klebold.
Logo após o massacre foi
divulgado que os jovens sofriam constantes humilhações dos colegas ( chegou-se a afirmar que ambos eram
homossexuais). Sua imagem era a de dois jovens impopulares, excluídos e frustrados
que planejaram se vingar daqueles que o humilharam no passado.
Esse é o perfil da maioria dos atiradores escolares mas não
de Dylan e Eric. Estudos mais aprofundados sobre os atiradores revelam que os
jovens eram mais complexos do que a maioria dos outros atiradores escolares.
Eric e Dylan não eram isolados da sociedade como Adam Lanza ( o atirador
de Newton) e também não haviam sofrido
humilhações até retaliarem (como Wellington Menezes atirador de Realengo). Pelo
contrário, eram jovens aparentemente normais, frequentavam festas, trabalhavam
em uma pizzaria no horário oposto as aulas e tinham muitos amigos dentro e fora
da escola (Eric inclusive era descrito como bonito e charmoso por algumas
meninas e chegou a ter algumas namoradas). Sendo assim, o que havia de errado
com Eric e Dylan? Peter Langman um dos mais respeitados estudiosos sobre
massacres escolares nos dá uma pista sobre o que havia de errado com os dois
adolescentes, segundo Langman “(Eric e Dylan) não eram garotos comuns que foram
importunados até retaliarem, não eram garotos comuns que jogaram videogame
demais. Não eram garotos comuns que apenas queriam ser famosos. Eles
simplesmente ‘não eram garotos comuns’. Eram garotos com problemas psicológicos
sérios”.
Que problemas psicológicos
sérios eram esses? Meses após o massacre, o FBI convocou uma reunião de cúpula para
responder a esta pergunta. A reunião, que ocorreu em Leesburg na Virgínia contou
com os mais renomados especialistas em saúde mental dos EUA. O objetivo era
analisar a mente dos assassinos e traçar um perfil dos atiradores escolares com
o objetivo de evitar novas tragédias escolares.
A conclusão a que chegaram os psicólogos é que Eric era um psicopata
frio e calculista e Dylan um depressivo suicida. Esta conclusão em grande parte
ajuda a explicar as motivações da tragédia. A seguir um breve perfil psicológico
dos atiradores:
Eric Harris: Um psicopata predador
“Você sabe o que eu odeio!? As pessoas que
dizem que a lua é real!” “ Você sabe o que eu odeio!? Música couuuuuntryyyyyy!”
“ Você sabe o que eu odeio? Pessoas que usam as mesmas palavras várias vezes!...
Leiam uma porra de um livro ou dois,
para aumentar o seu VO – CA- BU- LÁ- RIO...idiotas!”
Eric Harris
Eric Harris (como fica
evidente nas citações acima) era um jovem que tinha muito ódio, seu ódio ia
desde fãs de Stars Wars até negros e homossexuais, passando por música country
e emissoras de TV.
O ódio de Eric era tão
generalizado que ele acabou chegando a conclusão de que odiava “o mundo de
merda”.
Estas citações de ódio
retiradas dos escritos de Eric alimentam a hipótese de que ele teria cometido o
massacre em Columbine motivado pelo ódio, no entanto, Eric também possuía um
sentimento de superioridade fora do comum. Expressões do tipo “Ich bin Gott” (
Eu sou Deus em alemão), e “Eu me sinto como Deus e eu gostaria de ser, tendo
todos de serem oficialmente menores do que eu”, deixam evidente o quanto Eric
Harris se sentia superior com relação aos outros. Isto indica que o “ódio” de
Eric era mais que ódio, era um profundo
desprezo que ele sentia por tudo e por todos.
Segundo Dave Cullen, um
dos maiores estudiosos sobre Columbine “O que o rapaz realmente estava
expressando era o desprezo. Ele estava revoltado com os idiotas ao seu redor.
Estes não são os devaneios de um jovem revoltado, escolhido por atletas até que
não aguentou mais. Estes são os devaneios de alguém com um complexo de Superioridade messiânico, que deseja
punir toda a raça humana por sua inferioridade terrível.
Além de seu complexo de
superioridade e seu desprezo pelos outros, Eric apresentava outras
características de um psicopata.
Assim como os
psicopatas, Eric não sentia empatia por ninguém, atirou contra seus colegas sem
remorso e dirigia insultos a eles enquanto se contorciam de dor. Outro indicio
de psicopatia em Eric Harris é seu prazer em mentir, ele mesmo afirmou que
mentia e mentia muito, no entanto ressalvou que mentia “apenas para manter a
própria bunda fora da água”, o que também era uma mentira. Eric não mentia
apenas por necessidade, mentia pelo simples prazer de enganar. Ele sabia
manipular as pessoas para atingir seus objetivos e sabia ser agradável conforme
suas conveniências.
Para o jornalista Dave
Cullen, a morte de Eric em Columbine evitou algo maior, para Cullen “Se ele
[Eric] tivesse vivido até a idade adulta, e desenvolvido suas habilidades
assassinas por mais anos, não há como dizer o que ele poderia ter feito. Sua
morte em Columbine pode tê-lo impedido de fazer algo ainda pior”.
Dylan Klebold: depressivo suicida
“Vamos resumir a minha vida ...a existência mais miserável na história do tempo ”
Dylan Klebold
Filho de um geofísico e de uma especialista em
crianças com problemas mentais, Dylan Bennet Klebold era um jovem de classe
media alta. Morava em uma casa confortável com piscina e quadra de tênis e
tinha seu próprio BMW. Além disso, era um jovem com grande potencial e estava
prestes a ingressar numa faculdade onde cursaria ciências da computação.
Por que um
rapaz tão promissor e bem estruturado
como ele cometeu uma atrocidade como a de Columbine?
Apesar da vida confortável e de um futuro
promissor, Dylan Klebold era um menino extremamente deprimido (como fica claro
na citação do inicio deste texto), um jovem paranoico que acreditava que era
odiado por tudo e por todos e buscava desesperadamente um grande amor.
As diferenças entre ele e seu amigo Eric eram
muitas.
Dylan era um rapaz romântico, escrevia
poesias e inúmeras declarações de amor em seus diários, (Eric não demonstrava
sentimentos profundos pelas meninas, seu único interesse nelas era o sexo),
Dylan desenhava corações em seu diário, Eric desenhava suásticas, Dylan falava
sobre o amor, Eric falava sobre ódio, Dylan era extremamente tímido, Eric era
mais aberto...Apesar das diferenças entre os dois jovens havia algo que ambos tinham em comum e que os
unia: o ódio. Dylan, assim como Eric odiava a humanidade e julgava-se um ser
superior, no entanto, ao contrário de Eric sentia-se só, excluído e incompreendido
(sua tristeza era tão profunda que ele falava constantemente em morrer e
inclusive já havia cogitado a hipótese de suicídio anos antes do massacre).
Por estes motivos Dylan Klebold é mais fácil
de ser compreendido do que Eric Harris. Eric era um psicopata frio que queria
punir a humanidade pela sua inferioridade, Dylan era um jovem depressivo que
odiava a vida e queria que a humanidade pagasse pelo fato de não compreendê-lo.
Sua amizade com Eric Harris foi importante
para a execução do massacre de Columbine, mas não determinante. Dylan jamais
cometeria o massacre sem Eric Harris. Foi Eric quem montou a maioria das
bombas, quem planejou grande parte do ataque à escola e quem fez o maior número
de vitimas, ou seja, Columbine teria ocorrido sem Dylan, mas não sem Eric
(embora sua participação no massacre não pode ser desprezada).
E por falar na
participação de Dylan no massacre, é bom lembrar que em 2004 sua mãe Susan
Klebold comentou a participação do filho na matança, suas palavras resumem bem
o sofrimento dos pais dos atiradores. Susan declarou: “Para o resto da minha
vida eu vou ser assombrada pelo horror e angústia causada por Dylan”, e “Eu não
posso olhar para uma criança em um supermercado ou na rua sem pensar em como
colegas de escola do meu filho passaram os últimos momentos de suas vidas.
Dylan mudou tudo que eu acreditava sobre mim mesma, sobre Deus, sobre a família
e sobre o amor.”
Como se vê, os pais dos
atiradores sofreram (e sofrem), tanto quanto os familiares de suas vítimas.
Columbine no Cinema
Existe uma série de
filmes e documentários ligados ao massacre de Columbine. Alguns como os filmes
Assassinos por Natureza (1994) e Diário de um Adolescente (1995) são citados
por terem de alguma forma influenciado os atiradores a cometerem o massacre,
outros como o documentário Tiros em Columbine (2002) e o filme Elefante (2003)
foram escritos após a tragédia e tentam explicar o tiroteio ou levar o tema a reflexão. A seguir
algumas produções que foram inspiradas ou que inspiraram o massacre:
Assassinos por Natureza
(1994) – Dirigido por Oliver Stone, o filme é extremamente violento, só para
ter uma ideia ele chegou a ter aproximadamente 150 cenas cortadas ou refeitas
com o objetivo de conseguir uma censura mais branda para o lançamento nos EUA.
A trama conta a história
do casal Mickey (Woody Harrelson) e Mallory (Juliette Lewis) duas pessoas que
se uniram pelo desejo que um sente pelo outro e por amarem a violência. Eles
matam aproximadamente 50 pessoas em três semanas, mas sempre deixam alguém vivo
para contar quem cometeu os crimes.
Mickey e Mallory acabam virando atração através
da mídia sensacionalista e um repórter os coloca no programa de televisão
American Maniacs. Mesmo a captura da dupla pela polícia só faz aumentar sua
popularidade o que motiva a imprensa a transformar tudo em um grande circo.
O filme desencadeou uma série
de crimes nos Estados Unidos, como o caso do casal que tomou LSD e assistiu ao
filme repetidas vezes antes de matar duas pessoas.
Eric e Dylan (fascinados
pela violência) tinham neste filme um de seus favoritos, o que indica que o
massacre de Columbine foi mais um crime que teve como “inspiração” o filme. Em
seus diários Eric e Dylan mencionam inúmeras vezes o código NBK (as iniciais de
Natural Born Killers, o nome original do filme). Pela frequência com que o
código aparece nos escritos dos jovens, chegou-se a conclusão de que ele usaram
as inicias deste filme como código para o massacre.
Diário de um Adolescente
(1995) – O filme é uma reflexão sobre a degradação do jovem americano pelo uso
de drogas.
Ele narra a história do
jovem Jim Carrol (Leonardo DiCaprio).
Jim é um jogador de basquete do ensino médio. Sua vida é focada unicamente no
esporte e seu sonho é ser uma grande estrela. Paralelamente a isto Jim estava
envolvido com atividades ilegais: uma das suas funções era conseguir drogas
para ele e seus amigos. Em função disso o jovem acaba caindo no mundo das
drogas e se mete em uma série de crimes chegando a prostituir-se para sustentar
o vício.
A primeira vista o filme
parece não ter nada a ver com os atiradores de Columbine. No entanto uma cena chama
a atenção: em certo momento, Jim ( que estava dormindo em sala de aula) sonha
que estava vestido com um longo casaco
negro enquanto atirava contra seus colegas
matando seis deles.
Sabe-se que Eric e Dylan
não eram membros da “ Máfia da Capa Preta”, e ambos eram admiradores do
filme. Por isso especula-se que eles
tenham buscado inspiração neste filme para usar casacos negros no dia do
massacre.
É bom lembrar que embora
Assassinos por Natureza e Diário de um Adolescente tenham de certa foram
influenciado os atiradores seu impacto no massacre foi mínimo.
Logo após o tiroteio a
mídia apontou para videogames e filmes violentos como uma das principais
motivações dos jovens, no entanto é bom lembrar que a dupla cometeria o
massacre independentemente de terem assistido a estes filmes ou não.
Documentário Hora Zero –
Massacre de Columbine (2004) – Dramatização feita com base em documentos,
gravações e relatos de testemunhas é um documentário que reproduz os
acontecimentos do massacre entre as 11h08min e 12h08min daquela manhã de 20 de abril de 1999. Este
documentário é uma das melhores produções sobre o massacre, pois reproduz
minuto a minuto os acontecimentos daquela manhã dando ao telespectador a chance
de reviver os minutos dramáticos daquela tragédia.
A dramatização foi feita
com base nas fontes mais recentes e confiáveis sobre o tiroteio e embora não
tenha tido tanto destaque é indispensável para aqueles que buscam compreender
melhor este assunto.
Ainda falando sobre o
documentário, vale a pena destacar a interpretação dos atores Bem Johnson e
Josh Young que interpretaram Eric Harris e Dylan Klebold respectivamente.
Tiros em Columbine
(2002) – O documentário rendeu ao cineasta Michael Moore o Oscar de melhor
documentário de 2003, no entanto foca mais na questão armamentista do que no
massacre propriamente dito.
Embora seu nome (Tiros
em Columbine) é uma alusão ao massacre, a produção de Michael Moore tem o
evento de Columbine como ponto de partida para abordar uma série de outros
temas polêmicos como a violência escolar, as ações militares dos EUA ao redor
do mundo, a polêmica questão da facilidade de obter armamentos nos Estados
Unidos e o preconceito e violência contra os negros.
Composto por animações e
uma série de entrevistas, o documentário da ênfase na facilidade com que Eric e
Dylan conseguiram obter armamentos, mas não busca se aprofundar muito em
possíveis motivações para o massacre.
Elefante (2003) – O
filme é ambientado em uma típica escola de classe media americana. Lá, enquanto
todos os alunos tratam de atividades cotidianas, dois jovens, Alex e Eric,
preparam e executam um massacre semelhante ao de Columbine.
As semelhanças entre
realidade e ficção são muitas.
Alex, frio e calculista
se parece bastante com Eric Harris e Eric é uma clara alusão a Dylan Klebold.
Ainda na área das
“coincidências” podemos citar:
- O assassinato de um
professor baleado pelas costas no corredor da escola (execução parecida com a
do Professor Dave Sanders que foi atingido de forma semelhante em Columbine).
- A cena em que Alex
bebe em um copo abandonado em uma mesa da cafeteria é uma clara alusão a Eric
Harris que repetiu o mesmo gesto no dia da tragédia de Columbine.
- O momento em que Alex
faz anotações sobre o fluxo de alunos na cafeteria para depositar explosivos no
horário de maior movimento provavelmente deve ter ocorrido na realidade quando
Eric e Dylan estudaram qual seria o momento mais adequado para depositar suas
bombas na cafeteria.
Semelhanças a parte é
bom lembrar que o filme não traz respostas para explicar o que motivou o
massacre.
O diretor Gus Van Sant
aponta para respostas vagas e “fáceis”: Alex foi motivado pelo bullyng e Eric (pouco inteligente), foi apenas seu
seguidor. Além disso, os jovens eram homossexuais e admiravam o nazismo e jogos
violentos.
Coincidentemente as
características atribuídas aos jovens no filme são exatamente aquelas que a
mídia apontou como sendo as causas que motivaram Eric e Dylan.
Porém sabe-se que os
atiradores de Columbine não eram homossexuais ou assassinos nazistas e os jogos
violentos tiveram pouco impacto sobre suas ações.
Ao apontar para estas
questões bastante questionáveis fica claro que a intenção do diretor não é
buscar explicações para o massacre, mas sim nos levar a refletir sobre elas e
achá-las por conta própria.
Com respostas tão óbvias
(e comprovadamente falsas), o diretor acaba nos induzindo a questionar o que é
apresentado e refletir sobre o que realmente pode ter acontecido.
O próprio nome do filme
indica a intenção do diretor de nos levar à reflexão. “Elefante” é uma alusão a
frase do diretor Alan Clarke que produziu um documentário onde trata entre
outras questões da violência entre nos jovens. Segundo ele este problema era
tão ignorável “quanto um elefante na sala de estar”.
Van Sant ao dar o nome
‘Elefante’ ao seu filme, faz referência a triste realidade dos massacres
escolares, uma dura realidade, tão fácil de ignorar “quanto um elefante na sala
de estar”.
Jovens "Inspirados" em
Columbine
Sem dúvidas, uma das motivações que levaram
Eric e Dylan a cometerem seu ataque contra Columbine foi a busca pela fama e
notoriedade póstuma.
Em uma gravação deixada pela dupla Dylan
deixa claro esse objetivo: “Eu sei que vamos ter seguidores porque somos
semelhantes a Deus, ou seja, não somos exatamente humanos, temos corpos humanos
mas estamos a um passo a frente dessa merda que é a humanidade...”.
Com esta afirmativa fica evidente não só o
sentimento de superioridade e desprezo que os meninos sentiam pela humanidade,
como também o desejo que ambos tinham de tornarem-se famosos e serem tomados
como modelos para outros desajustados.
Vendo o massacre por este lado podemos
afirmar que os atiradores alcançaram seus objetivos. Eric e Dylan não só
conquistaram a fama como também tornaram-se ídolos de inúmeros jovens que os vêm
como heróis a serem seguidos.
Estimativas indicam que de 1999 para cá, mais
de cinquenta massacres escolares (a maioria frustrados), tenham sido inspirados
em Columbine. É como disse o sociólogo americano Jonathan Fast “Esta é a regra:
sempre que o FBI apreende o computador de um desses criminosos para analisar o
conteúdo, constata-se que eles navegaram em páginas da internet com conteúdos
relacionadas a Columbine”.
A publicidade dada pela mídia em torno dos
assassinos, somada ao amplo material relacionado ao massacre disponível na
internet e a mitificação dos atiradores (imortalizados em livros filmes e
documentários) faz com que jovens frustrados e desequilibrados não só conheçam
a história de Eric e Dylan, mas também passem a cultuá- los e consequentemente
querer imitá-los.
Kimveer Gill, Alvaro
Rafael Castillo, Pekka- Eric Auvinen, Jared Cano, Juan Manuel Sierra e Grant
Acord são alguns destes jovens admiradores de Eric e Dylan, que planejaram
reproduzir a matança de Columbine em suas escolas.
Destes seis jovens,
apenas três (Alvaro Castillo, Kimveer Gill e Pekka- Eric Auvinen), conseguiram
pôr em prática seus planos homicidas, os outros (Jared Cano, Juan Manuel Sierra
e Grant Acord), foram detidos antes que pudessem pôr em prática seus planos macabros.
A seguir um breve perfil
destes jovens, o que eles pretendiam fazer (ou fizeram) e como Columbine
influenciou cada um deles:
Jared
Cano Tampa, Flórida Agosto de 2011
Jared Cano era um jovem rebelde e
traumatizado por problemas familiares, ele planejava explodir sua escola prometendo
“causar mais vítimas do que em Columbine". Cano possuía em seu quarto
tubos plásticos, combustíveis, estilhaços, temporizadores e fusíveis, além de
um diário com desenhos das salas da escola e declarações aparentemente
indicando a intenção de cometer o atentado. No entanto seus planos foram
frustrados quando um de seus amigos que tinha conhecimento de suas intenções o
denunciou a policia.
Na casa do jovem, além de
materiais para confeccionar explosivos foi encontrada uma pequena plantação de
maconha com luzes, plantas, uma balança
digital e diversos saquinhos da droga , além de um cachimbo e vidro azul.
Detido, Cano foi julgado
em dezembro de 2012, sendo condenado a quinze anos de prisão, seguido de dez
anos de liberdade condicional.
Usuário de maconha, Cano
planejava matar e morrer na sua escola, seu plano de explodir a escola Freeedom
se originou após ele ter sido expulso da instituição por ter ameaçado um
professor. Sua ideia era colocar bombas no refeitório da escola (a exemplo do
que foi feito em Columbine) e atirar contra
alunos e professores que sobrevivessem ,segundo o amigo que o denunciou
o jovem pretendia cometer suicídio em seguida.
Alvaro Rafael Castillo, Orange High School, 2006
De todos os jovens “inpirados” no Massacre de
Columbine, Alvaro Castillo foi sem duvida o mais influenciado pelo massacre. Alvaro
era um jovem profundamente religioso e sofria de transtorno psicótico,
delírios paranóicos e
alucinações. Meses antes de matar seu pai e atirar contra colegas na escola Orange ele tentou o
suicídio. Escolheu morrer no dia 20 de
abril de 2006, por ser esta a data do sétimo aniversário de columbine, sua
obsessão pelo massacre era tanta que além de se matar na data de aniversário da
tragédia ele planejava cometer o
suicídio na hora exata em que Eric Harris havia se matado, no entanto seu pai
impediu que ele cometesse suicido.
Alvaro interpretou
a sua incapacidade de matar a si mesmo como um sinal de que Deus tinha o salvado do suicídio para que ele
pudesse cometer um massacre como o de Columbine
com o fim de "sacrificar" outras crianças e salvá-las do mal.
A partir daí, Alvaro
passou a comprar armas e planejar seu próprio massacre. Neste período ele disse
a sua mãe que queria visitar Columbine e ela concordou com o filho em viajar
até aquela escola. De alguma forma ela acreditava que visitando a escola a
obsessão do filho pelo massacre acabaria. Em visita ao Colorado, Alvaro comprou
um longo casaco negro semelhante ao usado por Eric e Dylan no dia do massacre.
Apesar de sua obsessão
por Columbine a data que o jovem escolheu para cometer seu massacre não foi o
20 de abril, mas sim o 26 de agosto, aniversário da inundação de Nova Orleans
pelo furação Katrina e do nascimento de Kip Kinkel ( jovem
esquizofrênico que matou seus pais e dois colegas em um tiroteio escolar em
1998).
Naquele 26 de agosto,
Alvaro matou seu pai em casa e em seguida atirou e feriu dois alunos na escola Orange antes de
ser detido pela policia. Suas palavras sobre o dia do tiroteio foram as
seguintes: “Hoje é o grande dia para a Operação Columbine. É tempo do mundo se
lembrar de Columbine. Eu vou morrer hoje!”.
Kimveer Gill, Dawson College, (Montreal-Canadá) 2006
Kimveer Gill, joven de 25 anos, invadiu a Dawson
College no Canada em 2006, entrou na escola atirando a esmo e deixou um saldo
de 19 feridos e um morto, cometendo suicídio em seguida.
Na sua pagina do site vampirefreaks.com, Kimveer
deixou declarações que mostram que seu ataque a escola foi inspirado no
Massacre de Columbine. No site Kimveer publicou uma lista de coisas que ele
gostava e nesta lista consta os nomes REB e V (esses são os apelidos de Eric e
Dylan, Eric se identificava como REB por se tratar de uma abreviação de
rebelde, já Dylan usava a letra V como uma abreviação de vodca, sua bebida
favorita). No site Kimveer se referia a eles como “santos modernos dos nossos
dias”, sua admiração pelos assassinos de Columbine era tanta que ele os
considerava santos.
Os sinais de inspiração em Columbine não param por
aí,várias de suas declarações se
assemelham bastante com as de Eric Harris, a expressão "Ich bin
Gott", que em alemão significa "Eu sou Deus”, foi muito usada por Harris para demonstrar
sua superioridade e Kimveer Gill coincidentemente também fez uso desta
expressão,Eric escreveu sobre o fato de o governo enganar as pessoas, kimveer
escreveu o mesmo, Eric sempre se mostrou hostil a policia , kimveer demostrou a mesma
hostilidade , Eric escreveu sobre necessidade de “matar a humanidade”, Kimveer
escreveu sobre “destruir a humanidade”
,e assim por diante. Algumas expressões podem ser apenas coincidência, no
entanto fica claro que de alguma forma Eric Harris teve forte influência sobre Kimveer
Gill e consequentemente seu ataque a escola de Montreal foi inspirado no Massacre
de Columbine.
Peter Langman, um dos estudiosos mais respeitados
sobre jovens atiradores afirmou que Gill era um jovem normal durante a infância
e adolescência até o inicio da idade adulta. Nesse período a saúde mental do
jovem entrou em deterioração e ele passou a buscar alguma pessoa poderosa para
estabelecer sua própria identidade.
Sem dúvida a pessoa poderosa que ele escolheu para
moldar-se foi Eric Harris.
Pekka- Eric Auvinen, Jokela High School, (Finlândia), 2007
O massacre na escola
Jokela foi um tiroteio que ocorreu em 7 de novembro de 2007 na Jokela High
School,em Jokela, uma localidade situada no município de Tuusula, Finlândia. O
atirador, Pekka – Eric Auvinen era um jovem de 18 anos que estudava naquela
escola.
Na manhã daquele dia 7 de novembro de 2007,
Auvinen atirou contra seus colegas matando oito pessoas e ferindo doze. Após o
tiroteio Auvinen tentou incendiar a escola com líquidos inflamáveis, mas não
conseguiu, diante do fracasso da ação atirou contra a própria cabeça, vindo a
falecer na noite daquele dia. Investigações posteriores descobriram que o jovem
havia sido fortemente influenciado por Columbine.
Na sua página do
youtubee Auvinen mantinha vídeos sobre Hitler e dos nazistas, o Cerco de Waco,
e como não poderia deixar de ser, sobre Columbine ( assunto que o jovem chegou
a discutir com familiares e colegas).
A faixa KMFDM, usada em
um dos vídeos por ele postado, “Stray Bullet”, também foi usada no site de Eric
Harris.
Também é interessante
lembrar que muitas das ideias defendidas por Auvinen ( assim como as de Kimveer
Gill), são cópias dos escritos de Eric Hasrris.
Certa vez ele escreveu:
“Como algumas pessoas sábias do passado disseram, a raça humana não vale a pena
lutar ou salvar... só vale a pena matar.” A “pessoa sábia”, a quem Auvinen se
referia era Eric Harris que havia escrito esta frase em seu diário.
Devido as inúmeras
referências aos escritos de Eric Harris, e sua admiração pelo massacre de
Columbine, fica evidente a influência que a tragédia teve sobre Pekka – Eric
Auvinen e os acontecimentos de Jokela.
Grant Acord, West Albany High School (Oregon), 2013
Assim como Juan Ramirez e Jared Cano, os
planos de destruição do jovem Grant Acord foram impedidos antes de serem
realizados.
Grant Acord
de 17 anos foi preso em maio de 2013, após ser denunciado por um colega
por planejar um massacre em sua escola nos moldes do ocorrido em Columbine.
Diante da denúncia, policiais revistaram a
casa de Acord e encontraram seis bombas caseiras além de material detalhando o
ataque como mapas, desenhos e esquemas.
O jovem (que se comparava a Eric e Dylan), já
tinha a cronologia do seu ataque preparada: ele iria sair de casa as 7:30 e
assistir as primeiras aulas da manhã "com todo o material no
porta-malas de seu carro”, por volta das 11:10 ele colocaria música a todo volume no carro e iniciaria o ataque
lançando bombas de gás lacrimogêneo e explosivos "por todas as partes da
escola", neste momento ele pretendia anunciar
calmamente o massacre com a frase "o russo ceifador está aqui" ( uma
referência ao filme "Bad Boys II").O jovem também planejava cometer suicídio antes de uma
equipe da SWAT encontrá-lo.
A policia ainda afirmou que encontrou no notebook do rapaz o link de um site listando as armas usadas
pelos atiradores em Columbine e uma
lista de itens para usar em um ataque, incluindo um casaco preto, um cinto com
fivela de caveira e ossos cruzados, meias de lã, vários artefatos explosivos e
uma bomba de gás propano ( a mesma usada na cafeteria de Columbine).
Grant
foi detido e apesar de possuir 17 anos será julgado como adulto. Pesam contra
ele 19 acusações.
Juan Manuel Sierra, Universidade das Ilhas
Baleares ( Espanha), 2012
Admirador do massacre de Columbine e de Eric
e Dylan (a quem tinha como ídolos), o jovem Juan Manuel Sierra de 21 anos foi
detido na Espanha em 2012 por possuir em sua casa 140 kg de material explosivo que ele
pretendia detonar na Universidade das Ilhas Baleares.
A polícia começou a investigar Sierra cinco
meses antes da captura, devido aos comentários do jovem na Internet fazendo
alusão ao massacre de Columbine.
Sierra manifestava simpatia por Eric e Dylan
e incluía em seu blog seções em que contava ter gostos musicais idênticos ao
dos jovens americanos, sua adoração pelas armas, seu estilo de se vestir e
inclusive um isolamento social que o levou a situações de marginalização
escolar.
Investigadores descreveram Sierra como uma
"pessoa muito inteligente, introvertida, frustrada, com problemas sociais
e simpatia pelos símbolos nazistas".
Segundo foi revelado, foi um jornalista venezuelano radicado no Japão que
alertou a polícia espanhola sobre as intenções do jovem detido, já que
descobriu os comentários do rapaz ao fazer pesquisas na rede sobre massacres escolares.
Seu plano era colocar
estrategicamente bombas caseiras cheias de estilhaços no campus universitário e
cometer suicídio em seguida.
O Legado de Columbine
Engana-se quem pensa que
o legado deixado por Eric e Dylan foi somente a incitação ao ódio e a violência.
Como toda tragédia, Columbine deixou lições
que acabaram evitando novas tragédias semelhantes.
Após o massacre as
autoridades finalmente abriram os olhos para este problema tão sério quanto são
os massacres escolares.
A noção de que existe um
perfil que define os atiradores também foi desacreditada, até o momento
pensava-se que os responsáveis por massacres escolares eram somente os jovens
marginalizados e problemáticos, os “párias” das escolas. Eric e Dylan, dois
jovens provenientes de famílias bem estruturadas e tidos como “normais”, vieram
derrubar esta crença.
Outra lição que
Columbine legou a posteridade foi a necessidade da mudança da ação da policia
frente a ataques como o da escola do Colorado. Os atiradores tiveram todo o
tempo disponível para disparar contra seus colegas, pois seguindo os
procedimentos de segurança vigentes na época, a polícia deveria cercar o local
criando um perímetro para conter os danos. Esta tática possibilitou que Eric e
Dylan agissem livremente e rendeu a policia local acusações de covardia e
irresponsabilidade.
Hoje, “graças a
Columbine”, os policiais são treinados para invadirem o local do tiroteio e mover-se em direção ao som de tiros, neutralizando o atirador
custe o que custar.
Além disso, também foi adotada uma politica de tolerância zero nos
estabelecimentos de ensino: detectores de metal foram instalados nas escolas e
alunos tidos como suspeitos são monitorados, o bullyng também passou a ser
combatido com maior seriedade. Com a popularização da internet e das redes
sociais jovens que dão sinais da intenção de cometerem algum massacre são monitorados
e detidos antes que possam levar a cabo seus planos (como foi o caso do jovem Juan Manuel Sierra, mencionado neste artigo).
Após Columbine, autoridades também passaram a
levar em consideração “vazamentos” de planos para massacres escolares. Como a
grande maioria dos casos de massacres são planejados detalhadamente um longo
período antes de serem levados a efeito, é natural que os jovens acabem
contando seus planos a algum colega ou que busque um cumplice. A denúncia
desses “vazamentos” pode evitar tragédias como ocorreu recentemente com os
jovens Jared Cano e Grant Acord, dois jovens que planejavam um novo Columbine,
mas foram detidos por terem sido denunciados por colegas que tinham
conhecimento de seus planos.
Embora tenham ocorrido
outros massacres escolares pós Columbine é evidente que graças as medidas
adotadas após este evento muitas tragédias escolares foram evitadas.
Autor: André Luis
Marques
Bibliografia
Wikipédia a Enciclopédia
Livre – Massacre de Columbine
Wikipédia a Enciclopédia
Livre – Eric Harris e Dylan Klebold
Wikipédia a Enciclopédia
Livre – Natural Born Killers
Wikipédia a Enciclopédia
Livre – Bowling for Columbine
Wikipédia a Enciclopédia
Livre – Transcrições do “The Basement Tapes” de Eric Harris e Dylan Klebold
Wikipédia a Enciclopédia
Livre – Massacre da Escola Jokela
Elias Marilyn, tradução
George El Khouri Andolfato. “A verdadeira história do Massacre de Columbine”
Cullen Dave. “As Quatro
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Brovsky Cindy. “Lauren Townsend”.The Denver Post. 23 de abril de 1999
Documentário Hora Zero-
Massacre de Columbine. 2004
Incrível! Absolutamente incrível!
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